terça-feira, 14 de agosto de 2007

Canto da Sala




Ao canto da sala, encostada a uma velha poltrona, lembrava aqueles tempos de menina em que sonhava com paixões de cinema, vivera amores pouco correspondidos e queria existir para além do tempo.

Naquele canto, relembrava todos os retratos da sua vida, e sorria perante a sua inocência. A realidade da sua perenidade, bem como impossibilidade dos muitos desejos, fora durante muitos anos invisível à sua compreensão do mundo. Agora, que esta se assemelhava ao monstrengo, restava-lhe o saudosismo agreste, que aprendera a relegar à gaveta das emoções, na qual arquivava todos os contos de ira, odes à alegria e serenatas inebriantes.

A linha da vida esgotava-se a cada minuto. A jovem movida a impulsos, capaz de mover o mundo pela sua energia, era agora apenas um ser humano mortal, e sujeito aos infortúnios.


O seu Fado fora cruel desde os primórdios da sua existência; primeiro como força viva da natureza, depois como sensata sedutora dos acontecimentos, e agora como ser débil. Perdera pequenas intimidades, recusara exorbitantes propostas em nome do lema “Amor e uma cabana”, apagara amizades, criara ilusões, magoara-se. E isso doía. Apesar de ter remado afincadamente contra a maré, esta devorara-a.

Concluíra, então, que os seres humanos, são racionais, para conseguir observar o seu próprio sofrimento, impotentes. Concluíra que a vida a ser vivida, era na infância, em que curiosamente a ignorância infantil nos protege. Quando se desenvolve o cognoscente tudo se complexa, e altera em inconstância.

Em variáveis dolorosas, vivera as instabilidades da sociedade geral e pessoal. Perdera-se e descobrira-se inúmeras vezes, em variados momentos. Refugiara-se quando já não conseguia atacar o destino de frente. E algures, em algum daqueles intervalos de vida morrera.

Determinava e aceitava o seu actual estado vegetativo, e limitava-se às tarefas de caris biológico e a viver de memórias mais, ou menos lúcidas.

Percebera por fim a verdadeira essência da vida e aceitara-a, sem impulsos, sem tristezas nem energias a desperdiçar. Era só ela. Só e pensativa, junto àquela poltrona velha, num canto escuro da sala.

3 comentários:

Anônimo disse...

Bom tenho a dizerte que essa onda depressiva está a alastrar-se para estes lados e eu NÃO QUERO. Por isso... toma lá uns pozinhos de felicidade *PLIM*PLIM*PLIM*
Tens mesmo que passar mais momentos cmg a jogar o dito jogo do ipod ou a tentar descobrir qual é a nossa música, mesmo sendo uma q nenhuma de nos conhece. Basta de teres esse arzinho triste que dizes ser ensonado porque eu n gosto! e se eu n gosto, tu mudas e pronto! adoro-te e agr levanta.te do canto e vai estender roupa

blonde disse...

hello! saudações louras de uma loira para outra!
então? que onda down!
queremos up!!!
gostei muito do teu blog (que infelizmente só vi por alto, mas que prometo, que com mais tempo visitarei e irei ler desde do teu primeiro post até ao último).
kisses

Daniela disse...

entao alek?
n sei se gosto desta onda depressiva..n sei nao..
até pk tu ja sabes k nunca tas só!=)
podes tar mal acompanhada, é certo, mas só, nunca!!lol
bju****